No domingo (30), o partido de direita Reunião Nacional (RN), liderado por Marine Le Pen, alcançou um marco histórico ao liderar o primeiro turno das eleições parlamentares francesas. O resultado marca uma aproximação inédita da legenda ao poder, sinalizando uma reconfiguração certa do cenário político na França.
De acordo com os resultados finais divulgados pelo Ministério do Interior nesta segunda-feira (1), o RN conquistou 33,15% dos votos, enquanto a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) ficou com 27,99% e a aliança do presidente Emmanuel Macron, o Ensemble, obteve 20,76%.
As projeções indicam que o RN pode garantir entre 230 e 280 assentos na câmara baixa de 577 membros após o segundo turno, marcado para o próximo domingo (7). Esse seria um aumento expressivo em comparação aos 88 assentos do parlamento cessante. A NFP deve obter entre 125 e 165 assentos, enquanto o Ensemble de Macron pode conseguir entre 70 e 100.
No primeiro turno, 76 candidatos foram eleitos para o parlamento, sendo 39 do RN, 32 da NFP e dois da aliança de Macron. O desempenho acachapante do RN vem após Macron ter convocado eleições antecipadas em resposta à derrota de seu partido nas eleições para o Parlamento Europeu no início deste mês. A eleição antecipada pode forçar Macron a uma parceria incômoda com a oposição durante os próximos três anos de seu mandato.
A sede do RN em Henin Beaumont, no norte da França, explodiu em celebração com o anúncio dos resultados. No entanto, Marine Le Pen destacou a importância do segundo turno. “A democracia falou e o povo francês colocou o Reunião Nacional e seus aliados em primeiro lugar – praticamente apagando o bloco macronista”, disse Le Pen a uma multidão, enfatizando que “nada está ganho” e que o segundo turno será decisivo.
Em Paris, o líder do partido, Jordan Bardella, reforçou a mensagem de Le Pen, descrevendo a próxima votação como “uma das mais decisivas de toda a história da Quinta República”.
Bardella já havia declarado que se recusaria a governar um governo minoritário, onde o RN dependeria dos votos de aliados para aprovar leis. Se o RN não alcançar a maioria absoluta e Bardella manter sua palavra, Macron poderá ser forçado a buscar um primeiro-ministro na esquerda radical ou em outra direção completamente diferente para formar um governo tecnocrata.
Após a divulgação dos resultados, houve onda de vandalismo praticado por grupos de extrema esquerda em Paris e Lyon, com tumultos em várias partes da capital francesa.