O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, foi libertado da prisão no Reino Unido nesta segunda-feira (24) após fechar um acordo com a Justiça dos Estados Unidos para se declarar culpado de espionagem, anunciou o WikiLeaks no X (antigo Twitter).
Assange concordou em se declarar culpado por violar a lei de espionagem dos EUA. Ele admitirá a acusação de conspiração para obter e divulgar documentos classificados de defesa nacional dos EUA. A audiência está marcada para ocorrer nas Ilhas Marianas do Norte, na terça-feira às 20h, horário de Brasília.
Pelo acordo, Assange deve ser sentenciado a 62 meses de prisão, período que ele já cumpriu no Reino Unido. Após se declarar culpado e participar da audiência, espera-se que Assange seja liberado e retorne à Austrália, seu país natal.
Segundo a Justiça americana, a audiência será realizada nas Ilhas Marianas do Norte, e não nos Estados Unidos, devido à proximidade das ilhas com a Austrália.
Os EUA queriam julgar Assange por vazar 700 mil documentos confidenciais desde 2010, que detalhavam atividades militares e diplomáticas americanas, especialmente no Iraque e Afeganistão. Caso fosse extraditado para os EUA, ele poderia ser condenado a até 175 anos de prisão. Veja abaixo mais detalhes dos vazamentos.
Vazamento
Um dos materiais vazados por Assange era um vídeo que mostrava soldados norte-americanos executando 18 civis de um helicóptero no Iraque. Outros documentos revelavam assassinatos de civis, incluindo jornalistas, e abusos cometidos por autoridades dos EUA e outros países.
Oficiais norte-americanos alegaram que o vazamento colocava vidas em risco, pois revelava identidades de pessoas que cooperavam com os militares no Oriente Médio.
Em 2019, o Departamento de Justiça dos EUA descreveu os vazamentos do WikiLeaks como “um dos maiores vazamentos de informações confidenciais na história dos Estados Unidos”.
“Meu cliente está sendo processado por realizar uma prática jornalística comum, de obter e publicar informações confidenciais, informações verdadeiras e de interesse público evidente e importante”, afirmou o advogado de Assange, Edward Fitzgerald, no tribunal.
Clair Dobbin, advogada que representa os Estados Unidos, afirmou que Assange publicou nomes de pessoas que “atuaram como fontes de informação para os Estados Unidos”.
Em janeiro de 2021, um tribunal britânico inicialmente rejeitou o pedido de extradição para os Estados Unidos. No entanto, uma apelação americana levou a Justiça britânica, em dezembro de 2021, a anular a primeira decisão e abrir caminho para a extradição – até o julgamento desta semana.
No início de 2022, os EUA tiveram um novo pedido de extradição negado pela justiça do Reino Unido, que alegou existir um risco de Assange cometer suicídio.
Recurso contra extradição
Julian Assange foi autorizado em maio pelo Tribunal Superior de Justiça de Londres a apresentar recurso contra sua extradição para os Estados Unidos, que será julgado no Reino Unido, representando sua última chance de evitar a extradição.
A decisão da corte ocorreu semanas após os juízes britânicos solicitarem mais informações ao governo norte-americano sobre o caso, sendo considerada uma nova vitória para Assange.
Se extraditado, Assange pode ser condenado a 175 anos de prisão nos Estados Unidos. A Justiça dos EUA quer julgá-lo por vazar 700 mil documentos confidenciais desde 2010, que detalhavam as atividades militares e diplomáticas americanas, principalmente no Iraque e Afeganistão.
Preso na Inglaterra
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, está preso na Inglaterra desde 2019, após passar sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, onde buscou refúgio para evitar a extradição por acusações de agressão sexual na Suécia, que mais tarde foram retiradas.
Antes do julgamento, a esposa de Assange alertou sobre o estado de saúde frágil do australiano de 52 anos.
“A saúde dele está piorando, física e mentalmente. A vida dele corre perigo a cada dia que permanece na prisão e, se for extraditado, ele vai morrer”, afirmou Stella Assange no fim de maio.