O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, expressou seu descontentamento e incompreensão em relação à posição do governo brasileiro sobre o conflito com a Rússia durante uma entrevista coletiva em Kiev nesta quinta-feira (30). Em um encontro com jornalistas da América Latina, Zelenski questionou a neutralidade do Brasil.
“Não entendo a posição do presidente Lula”, afirmou Zelenski na Casa das Quimeras, um edifício histórico em frente ao gabinete presidencial. “Será que o Brasil está mais alinhado com a Rússia do que com a Ucrânia? A Rússia nos atacou. O Brasil deve estar do nosso lado e dar um ultimato ao agressor em nome do resto do mundo. Uma amizade com alguém que tem uma ideologia fascista não pode trazer benefícios.”
O encontro acontece às vésperas da cúpula de paz organizada pela Suíça, prevista para os dias 15 e 16 de junho, em Lucerna, com a participação de 160 países. Zelenski mencionou que os presidentes da Argentina, Javier Milei, e do Chile, Gabriel Boric, já confirmaram presença. Em contrapartida, segundo a Bloomberg, o Brasil não pretende enviar representantes de alto escalão ao evento.
Zelenski criticou uma declaração recente do assessor especial de Lula para a política externa, Celso Amorim, e do chanceler chinês, Wang Yi, que destacavam a necessidade da presença de Moscou em qualquer negociação sobre o conflito. “Por que o Brasil e a China pensam primeiro nos russos e depois em nós?”, questionou. “Como podem dar vantagem ao agressor?”, prosseguiu.
Apesar do tom crítico em relação ao Brasil, Zelenski elogiou o apoio da Argentina e do Chile, afirmando que o mais importante é a solidariedade de seus aliados. “Não precisamos apenas de ajuda material, mas de apoio moral e político”, disse.
Quando questionado sobre a importância de alianças com países menores, Zelenski respondeu: “Quem pode, apoia com armas; quem não pode, apoia com suas vozes. Precisamos dessas vozes para acabar com a guerra.”