Os dois principais partidos políticos do Brasil, que protagonizaram a disputa presidencial acirrada de 2022 e possuem as maiores quantidades de cadeiras na Câmara, PT e PL, estão se preparando para competir novamente no pleito de outubro em até 12 capitais do país.
Com o encerramento do prazo de filiação neste sábado (6), começa a se esboçar um cenário de confronto político em território nacional. Durante o período da janela partidária, pelo menos 20 pré-candidatos à prefeitura em 26 capitais migraram de partido, alterando o panorama eleitoral.
As cidades de Belo Horizonte, Fortaleza, Curitiba, Manaus, Goiânia, Cuiabá, Campo Grande, João Pessoa, Maceió, Aracaju, Florianópolis e Vitória se destacam nesse contexto. Contudo, é esperado que ocorram negociações e há chances de possíveis desistências até as convenções partidárias, agendadas para os meses de julho e agosto.
O partido liderado por Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto demonstrou vigor durante a janela partidária, definindo pré-candidaturas para 19 das 26 capitais do país. Todos os postulantes ao Executivo municipal pelo PL tiveram o aval do ex-presidente da República, que recentemente percorreu regiões do Brasil para assinar as filiações dos novos membros do partido.
Um exemplo é o caso do prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, que migrou do PP para o PL na última semana, após desavenças com o governador Gladson Cameli (PP), indicando possíveis divisões entre os aliados de Bolsonaro, considerando que o PP também pretende lançar um candidato próprio à prefeitura.
Em algumas cidades como Florianópolis, Campo Grande e Porto Velho, há tendência para múltiplas candidaturas alinhadas à direita, mas ainda há espaço para diálogo entre os grupos políticos locais. No caso da capital catarinense, o PL apresentou o nome do ex-deputado Bruno Souza, que era filiado ao Novo, o que impactou as negociações com o atual prefeito, Topázio Neto (PSD), que busca reeleição e tenta atrair o PL para sua coligação.
Em Campo Grande, o ex-deputado estadual Rafael Tavares foi escolhido por Bolsonaro como pré-candidato do PL para a prefeitura da cidade e deve ser o nome oficial da direita, rivalizando com a atual prefeita Adriane Lopes (PP), que também quer o endosso do ex-presidente e tem como principal apoiadora a senadora Tereza Cristina (PP-MS). O PL planeja levar Bolsonaro à cidade nas próximas semanas.
A legenda também fortalece sua presença em Aracaju (SE) com a filiação da vereadora Emília Corrêa, uma das opositoras mais duras do prefeito Edvaldo Nogueira (PDT). Em Porto Velho (RO), há uma negociação em andamento, pois o deputado federal Fernando Máximo pretende migrar do União Brasil para o PL, o que poderia fragmentar uma possível grande aliança da direita em torno da ex-deputada Mariana Carvalho (Republicanos).
Em contraste com a agressividade do seu principal adversário político, o PT adotou uma abordagem mais discreta, buscando atrair novos quadros de outros partidos para suas fileiras nas disputas municipais. Durante a janela partidária, a única adição significativa ao partido foi a chegada do ex-deputado federal Marcelo Ramos, que trocou o PSD pelo PT para concorrer à prefeitura de Manaus, em uma movimentação que visa fortalecer o partido na capital do Amazonas diante da competição com o atual prefeito David Almeida (Avante) e outros representantes do bolsonarismo, como o deputado federal Alberto Neto (PL-AM).