O processo de licitação para a coleta de lixo em Salvador (BA), envolvendo um montante total de R$ 1,3 bilhão, contará com a participação das mesmas empresas atualmente responsáveis pelo serviço à prefeitura. Prevê-se que os contratos sejam renovados com os atuais prestadores do serviço, sem concorrência direta, apesar do valor significativo que está em jogo.
Segundo uma apuração do site Poder360, seis das sete empresas que venceram a licitação em 2018 estão participando novamente do processo de 2024, sendo que duas delas possuem vínculos bastante próximos com figuras políticas da Bahia, como o ex-governador Paulo Souto (União Brasil) e o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil).
A abertura dos envelopes contendo as propostas está marcada para segunda-feira (1º). Caso essas empresas que já operam a coleta de lixo em Salvador vençam novamente a licitação, terão uma vantagem considerável, já que o valor do contrato será reajustado em 56%, superando os 38% de inflação no período. O contrato de R$ 1,3 bilhão terá duração inicial de dois anos, com possibilidade de prorrogação por mais três.
O contrato está dividido em três lotes, com valores variando de R$ 27,2 milhões a R$ 738,8 milhões. Para o primeiro lote, avaliado em R$ 548,3 milhões, quatro empresas demonstraram interesse: Jotagé Engenharia; MM Consultoria Construções e Serviços; Naturalle Tratamento de Resíduos; e Torre Construções. As quatro já operam um dos lotes adquiridos na licitação de 2018, cujo contrato original foi renovado por mais quatro anos, estendendo-se até 2020.
Duas dessas empresas possuem conexões políticas no estado: a Naturalle tem Vitor Souto, filho do ex-governador Paulo Souto, como sócio da companhia; enquanto a MM é de José Marcos de Moura, conhecido como Marcos Moura, amigo pessoal do ex-prefeito ACM Neto, e também compartilha a propriedade de uma aeronave com Renata Magalhães Corrêa, irmã do político.
Para o segundo lote, avaliado em R$ 738,8 milhões, duas empresas demonstraram interesse: Jotagê e Revita Engenharia. A Revita já é responsável por um lote adquirido na licitação de 2018, em parceria com a Estre Ambiental, que, por sua vez, não consta como participante na licitação de 2024.
O terceiro e último lote, avaliado em R$ 27,2 milhões, deve ser concedido à BF Ambiental, a única empresa interessada até o momento, que já possui contrato com a Prefeitura de Salvador para a coleta de lixo. Com os aditivos decorrentes da renovação do contrato, a empresa já recebeu R$ 45 milhões, conforme registros do Portal da Transparência do Estado da Bahia.