Duas pesquisas divulgadas na semana passada lançam luz sobre a atual o desempenho do atual governo federal, apontando um série de desafios para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os dados projetados pela Genial/Quaest e pelo Ipec revelam três pontos centrais: queda intensa na aprovação do governo; aumento na reprovação e sentimento menos otimista em relação ao futuro entre os brasileiros.
Na pesquisa Genial/Quaest, a aprovação do governo Lula diminuiu de 54% para 51%, enquanto a reprovação subiu de 43% para 46%. Paralelamente, no levantamento do Ipec, a aprovação à forma como Lula governa oscilou de 51% para 49%, com a desaprovação aumentando de 43% para 45%. Ambas as pesquisas registraram os piores resultados desde o início do mandato do presidente.
Em um texto analítico veiculado na revista Veja, o jornalista Thomas Traumann traça várias observações sobre os dados lançados por esses levantamentos. O consultor político-econômico evidencia que a queda na aprovação está ligada, em parte, ao movimento dos eleitores evangélicos, mas que não para por aí.
Nesse segmento, a rejeição a Lula aumentou significativamente, passando de 46% em agosto para 62% em março, após declarações polêmicas do presidente contra Israel. Além disso, em uma visão geral, tanto a Genial/Quaest quanto o Ipec identificaram um clima de descontentamento em relação à economia, com aumentos nos preços dos alimentos e dos combustíveis.
Apesar de alguns segmentos tradicionalmente não petistas terem contribuído, sim, para a queda na popularidade, um cenário de polarização política intensa constata que Lula está em más lençóis e vai encarar problemas que estão muito além de questões sazonais ou declarações controversas.
Muitos brasileiros estão insatisfeitos com o desempenho do governo, com uma parcela significativa que acredita que a gestão não atende às expectativas. Há um sentimento coletivo de desconfiança em relação ao presidente e ao futuro do país.
Em meio à crise declarada, tratar algo tão complexo com alguma solução simples e ingênua, diz Traumann, é o mesmo que atribuir a queda na popularidade apenas à falta comunicação. No entanto, a realidade política brasileira vai mais além, explica ele. A oposição se reorganizou, e o governo Lula precisa de uma agenda mais robusta para enfrentar os desafios reais de um Brasil real.
Outro ponto observado: a recente manifestação bolsonarista demonstrou o poder de mobilização do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas também indicou a possibilidade de uma candidatura de direita mais viável em 2026. Isso acende ainda mais o alerta vermelho para o Planalto, ciente de que o próximo pleito nacional pode ser ocupado novamente pela oposição ao lulopetismo.
Thomas Traumann sugere também que a responsabilidade dos números negativos percebidos nas pesquisas recai sobre Lula e seu governo de modo inevitável. A falta de inovação e unidade no ministério, aliada à preferência do presidente por uma agenda externa, podem afastar o governo dos brasileiros mais pobres e ter um impacto significativo na eleição de 2026. O recado que os políticos recebem agora em Brasília é claro, direto e objetivo: os brasileiros reprovam a falta de resultados do governo Lula III.