Imagem: Agência Senado
Numa primeira reação do mundo árabe às declarações pró-Israel do presidente eleito, Jair Bolsonaro, o governo do Egito adiou sem data uma visita oficial que o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, faria ao país entre os dias 8 e 11 próximos.
No período, ocorreria também um encontro entre representantes do setor privado dos dois países. Vinte empresários brasileiros já se encontram no país e precisarão retornar sem que sejam realizadas as rodadas de negócios.
Oficialmente, o governo egípcio informou que o adiamento “sine die” foi necessário por causa de compromissos inadiáveis das altas autoridades do país. Aloysio ia encontrar-se com seu contraparte, o ministro Sameh Shoukry, e o presidente, Abdel Fattah el-Sisi.
Nos bastidores, porém, sabe-se que a verdadeira causa foi o anúncio, por Bolsonaro, da decisão de mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém. A medida significa um alinhamento do país com Israel e o abandono de uma posição ideológica pró-Palestina mantida por décadas pela diplomacia brasileira. Os países árabes apoiam a Palestina e deixaram clara sua discordância com a medida.
No último sábado, o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Rubens Hannun, disse ao ‘Estado’ que a relação de comércio e investimentos do Brasil com esse grupo de países poderia ser abalada e que eles poderiam retaliar, por exemplo, buscando outros fornecedores para produtos vendidos pelo Brasil, como carne e açúcar.