O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu reduzir a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, baixando-a de 11,75% para 11,25% ao ano. Esta decisão, que está alinhada com as expectativas do mercado, representa a quinta diminuição consecutiva da taxa básica de juros, levando-a ao seu nível mais baixo desde março de 2022.
A principal razão para essa série de cortes na Selic é o processo de desinflação observado no país. Em 2023, a inflação fechou em 4,62%, um valor abaixo dos 5,79% registrados em 2022. Essa foi a primeira vez desde 2020 que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou dentro do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que era de 4,75%, com o centro da meta em 3,25%. Para o ano corrente, a meta de inflação a ser perseguida pelo Banco Central é um pouco mais baixa, estando em 3%, com um limite de até 4,5%.
Além da inflação, o Banco Central também está atento à questão fiscal. Desde a última reunião, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter a meta de déficit fiscal zero para 2024. Contudo, observou-se uma deterioração nas contas públicas, com o Brasil encerrando o ano de 2023 com um déficit de 230 bilhões de reais, o que corresponde a 2,1% do PIB.
A percepção de um risco fiscal aumentado no Brasil tem implicações significativas, podendo influenciar as expectativas econômicas e, consequentemente, afetar a inflação e os juros. Essa situação pode levar a uma aversão por parte de investidores estrangeiros e a uma saída de dólares do país. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reconheceu, em comunicado, que os indicadores de atividade econômica indicam uma desaceleração da economia, conforme antecipado. Também foi observado que a inflação ao consumidor continua sua trajetória de desinflação, assim como as medidas de inflação subjacente, que estão se aproximando da meta estabelecida para a inflação.
Paralelamente, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, manteve inalteradas suas taxas de juros, numa faixa entre 5,25% e 5,5% ao ano, o maior nível desde 2001. Esta decisão já era antecipada pelo mercado. Segundo comunicado do Fed, indicadores recentes sugerem que a atividade econômica nos EUA ainda mostra sinais de fortalecimento.
O Banco Central do Brasil também comentou sobre o cenário internacional, mencionando a volatilidade, com debates sobre a flexibilização da política monetária nas principais economias e a observação de quedas nos núcleos de inflação, que, no entanto, permanecem elevados em vários países. O comunicado destaca que os bancos centrais das principais economias estão comprometidos em ajustar as taxas de inflação para suas metas, num contexto de pressões no mercado de trabalho. O BC brasileiro concluiu que o cenário atual exige cautela por parte dos países emergentes, incluindo o Brasil.