Nesta segunda-feira (13), o jornal Estadão revelou um cenário obscuro nos corredores do Ministério da Justiça, liderado por Flávio Dino. Assessores do ministro foram apontados por receber, dentro da sede ministerial, Luciane Barbosa Farias, conhecida como a ‘Dama do Tráfico Amazonense’ e esposa de um líder poderoso do Comando Vermelho.
A notícia rapidamente chegou na Comissão de Segurança Pública da Câmara, em Brasília, onde deputados manifestaram veementes críticas à situação.
Para o deputado federal Sargento Gonçalves (PL/RN), a permanência de Flávio Dino no comando do Ministério torna-se insustentável com a confirmação do caso. “O chefe das polícias federais e responsável pela segurança pública em âmbito nacional não pode manter este tipo de relacionamento. Acho que agora está explicado o motivo dele estar fugindo das convocações”, externou Gonçalves.
O deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) recordou uma interceptação telefônica que indicava um suposto ‘diálogo cabuloso’ entre o PCC e o Partido dos Trabalhadores (PT). “É um verdadeiro escárnio que o Ministério da Justiça e Segurança Pública receba a visita da ‘Dama do Tráfico Amazonense’, esposa de um dos líderes do Comando Vermelho. Na verdade, eles deveriam estar trabalhando para prender este tipo de gente, e não mantendo um ‘diálogo cabuloso’ com esses que eles dizem combater”, destacou Nogueira.
A deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) também criticou o ocorrido. “O cruzamento de dados de lideranças de facção e de terroristas é válido em todo o mundo, menos no Brasil”, observou Waiãpi.
O Ministério da Justiça, ao ser procurado, admitiu que Luciane Barbosa Farias foi recebida por secretários do ministro Flávio Dino, justificando que ela integrou uma comitiva e que era ‘impossível’ o setor de inteligência detectar previamente sua presença.