Os arcebispos das arquidioceses de Curitiba e de São Paulo quebraram o silêncio e se manifestaram sobre a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, que busca fazer com que o aborto até a 12ª semana de gestação não seja mais considerado crime. A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, pautou o início do julgamento da ação para esta próxima sexta-feira (22), pelo plenário virtual.
O arcebispo de Curitiba, Dom José Antonio Peruzzo, criticou os ministros e questionou se eles estavam brincando de ser deuses. “Nenhum juiz tem autoridade para dizer ‘agora é pessoa, agora não’. Mas parece que querem brincar de ser deuses. Não permitamos isso”, destacou.
Peruzao foi além e disse que “há uma realidade da vida humana que se sobrepõe e suplanta qualquer critério, quer da ciência, quer das lógicas e quer das opiniões. É um valor absoluto. Quem crê, quem ama seu Deus, se sobrepõe a qualquer fundamentação”, expressou.
O sacerdote convidou os fiéis a rezarem para o tema não se concretize. “Vamos, sejamos orantes e cobrar os ministros do Supremo para que não desrespeitem uma convicção que nasce da vida, das formas mais singelas de compreensão de quem é a pessoa humana”.
O arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, também repudiou a discussão do tema pelo Supremo. “Defender a vida humana e a dignidade inalienável de cada ser humano em todas as fases de seu desenvolvimento não deve ser questão de ‘direita’ ou de ‘esquerda’. É questão de humanidade. Quando a sociedade se permite eliminar os indefesos e indesejados, ela se torna desumana”, alegou.
O sacerdote disse que, ao discutir o aborto, está em jogo a preservação ou a supressão de uma vida humana. “Não se trata apenas de um ‘montinho de células’. Podemos estar de acordo sobre isso?”, prosseguiu.
“Pergunto aos ‘combatentes’ que me atacam: afinal, vocês estão querendo combater o aborto, ou combater um padre que também combate o aborto? Digam lá, qual é mesmo o seu interesse oculto?! Vamos juntar esforços na direção correta”, acrescentou Scherer.