Em tempos modernos, uma máxima secular pode servir como reflexão: “A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”. Diante de uma sociedade cada vez mais bombardeada por informações instantâneas, a verdade por si só não é mais suficiente. A percepção, no palco global, é tão impactante quanto a própria realidade, e o papel da mídia torna-se essencial nesse jogo de persuasão que influencia as massas.
O cenário emblemático para essa dinâmica é o agronegócio brasileiro, setor que frequentemente se vê desafiado por críticas infundadas e desonestas, apesar de operar dentro das rígidas balizas legais e aderir a práticas rigorosas de preservação ambiental. É inegável que o agronegócio brasileiro figura entre os mais avançados e sustentáveis do mundo. No entanto, a verdade, por si só, não é suficiente para dissipar as sombras que se acumulam sobre esse pilar da economia nacional.
Num mundo onde as percepções moldam a realidade, ser correto e honesto não é mais o suficiente; é preciso parecer correto e honesto. Isso não significa dissimular a verdade, mas comunicá-la de maneira eficaz, construindo uma narrativa que destaque as realizações positivas e aborde as críticas de forma construtiva.
Batalha nas percepções e realidades
Nas últimas décadas, a Amazônia emergiu como epicentro de uma disputa que abarca desde o ativismo social até a embaraçada rede de leis que se entrelaçam em acordos internacionais e, até mesmo, nas esferas do Congresso e do Judiciário brasileiro.
À medida que as estações do tempo avançam, as batalhas não cessam. E quando o foco se volta à Amazônia, é intrigante notar como até as mais brilhantes estrelas de Hollywood não deixam de incorporar suas narrativas a esse embate. Até mesmo o elenco da Disney, com seus artistas consagrados, especialmente junto ao público jovem, levanta suas bandeiras com frequência.
Não para por aí. O próprio Papa Francisco, líder espiritual Católico, vez ou outra toma as capas de revistas para fazer apelos diretos do Vaticano, conclamando orações e auxílio ao Brasil. Obviamente, para aqueles que observam essas contendas de fora, seja no Brasil ou além-fronteiras, especialmente os distantes das realidades que não estão tão visíveis, é fácil ser seduzido por discursos sensacionalistas e agendas obscuras que ameaçam minar o agronegócio brasileiro. Existe uma clara intenção de submeter as vastas terras brasileiras a agendas políticas e ideológicas estrangeiras, resultando na entrega da soberania nacional a interesses obscuros que há muito espreitam o Brasil. O agronegócio está em perigo.
Marco Temporal revogado
Atualmente, o setor agropecuário do Brasil encara um dos momentos mais tumultuados de sua história, centrado na derrubada do controverso “marco temporal” das terras rurais. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu revogar a tese atual, defendida por proprietários de terras, que estabelece que os indígenas só teriam direito às terras que estavam sob sua posse em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam sob disputa judicial naquela época.
Em outras palavras, o que prevalece atualmente é o entendimento de que pode ser objeto de demarcação as áreas habitadas por indígenas em 5 de outubro de 1988, dia da promulgação da Constituição Federal. Áreas com títulos centenários, como é o caso de muitas famílias no país, não podem ser destinadas aos indígenas.
No entanto, partidos políticos, ativistas, movimentos sociais e representantes do espectro político de esquerda, que alegam representar os setores indígenas, são contra o entendimento.
O processo que motivou a discussão trata da disputa pela posse da Terra Indígena Ibirama, em Santa Catarina. A área é habitada pelos povos Xokleng, Kaingang e Guarani, e a posse de parte da terra é questionada pela procuradoria do estado.
Desconstrução de narrativas contrárias
Em meio a esse turbilhão, muitos representantes do agro parecem ainda não ter compreendido integralmente a importância do marketing e, consequentemente, não o aplicam de forma eficaz. O termo “agronegócio” ainda suscita confusões e equívocos, enquanto uma série de estereótipos negativos se mantém em vigor.
Quem investe contra o agro se beneficia dessa lacuna de compreensão do poder informativo, publicitário e midiático, usando-a não apenas contra o setor, mas também como um ataque direto contra o Brasil. Transformam nossos pontos positivos em ativos despercebidos, nos tornando vulneráveis a narrativas negativas, informações falsas e fatores incontroláveis, enquanto nos perdemos em discussões superficiais e polarizadas.
O agronegócio, que já opera com integridade no campo, deve deixar-se ser conduzido também para setores da mídia, atuando com profissionais éticos e qualificados que compreendam as complexidades da disseminação de informações. O marketing é a peça fundamental no mundo contemporâneo.
A importância da comunicação e da transparência
A desconstrução de narrativas contrárias torna-se uma missão urgente. O agro deve aproveitar o poder midiático para apresentar fatos, realçar conquistas e destacar esforços em prol da sustentabilidade em toda a cadeia produtiva. Deve tornar evidente como práticas responsáveis estão profundamente enraizadas em suas operações, como a tecnologia é usada para aumentar a eficiência e como a produção de alimentos é realizada de maneira a respeitar o meio ambiente.
A tarefa de persuadir e convencer as massas, no entanto, não se restringe a apenas disseminar informações positivas. Também requer ouvir e responder às preocupações legítimas das pessoas. O agronegócio deve estar disposto a dialogar, aprimorar constantemente suas práticas e ser ainda mais transparente em relação aos desafios que enfrenta.
O agro não é o vilão que algumas narrativas insistem em retratar, mas sim um setor vital que move a economia do Brasil e contribui de maneira significativa para a nação. À medida que enfrenta desafios crescentes, é hora de se tornar ainda mais presente na comunicação e nos canais que alcançam a população. Como diz o ditado, não basta à esposa de César ser honesta; ela deve também parecer honesta. É por meio desse esforço conjunto que haverá compreensão mais equilibrada e justa do agronegócio brasileiro.