De acordo com o biólogo Marcelo Soares, pesquisador do Labomar da Universidade Federal do Ceará, o peixe-leão (Pterois volitans), uma espécie invasora do Indo-Pacífico que chegou ao litoral brasileiro há cerca de dois anos, tem o potencial de se espalhar por todo o litoral do país.
Em uma entrevista à BBC Brasil, ele alertou para os riscos que essa espécie representa para a pesca e o turismo, uma vez que o peixe-leão é um caçador persistente e se adapta a diversos tipos de ambientes. Além disso, as fêmeas podem depositar até dois milhões de ovos por ano.
Soares relata que no Caribe, a presença do peixe-leão resultou em uma redução de 80% de outras espécies de peixes em determinadas regiões. A maior preocupação está relacionada à ausência de predadores naturais do peixe-leão no Atlântico. Enquanto compete por recursos com outras espécies e se alimenta de uma ampla variedade de animais, o peixe-leão ameaça a biodiversidade dos locais por onde passa.
Atualmente, a espécie já alcançou a região de fronteira entre Pernambuco e Alagoas, conforme o levantamento de Marcelo Soares. O biólogo reconhece que erradicar o peixe-leão das áreas onde já se estabeleceu é uma tarefa difícil, porém sugere como uma das alternativas o controle do crescimento populacional, através da captura da espécie, por exemplo.
Ele ressalta ainda que o animal chegou a uma área onde a corrente marinha flui para o sul, o que mostra uma ímpeta disseminação. “Significa que ele vai mais rápido agora”.