O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula, Gonçalves Dias, foi acusado de ordenar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a adulterar um relatório oficial enviado ao Congresso Nacional. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o relatório omitiu os alertas da Abin sobre a ameaça de invasão aos prédios dos Três Poderes em Brasília, ocorrida em 8 de janeiro.
O relatório enviado à Comissão de Atividades de Controle de Inteligência (CCAI) do Congresso, em 20 de janeiro, não continha as mensagens enviadas diretamente ao ex-ministro por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp. Onze alertas enviados a Dias foram suprimidos da primeira versão do documento.
De acordo com a Folha, o ex-ministro ordenou a omissão desses alertas, alegando que a troca de informações não ocorreu pelos canais oficiais. A versão original do relatório foi mantida nos arquivos da Abin, enquanto a versão enviada ao Congresso continha apenas as informações compartilhadas em grupos de WhatsApp.
Essa decisão era de responsabilidade de Dias, uma vez que, de acordo com a lei que estabeleceu o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), apenas o chefe do GSI pode fornecer documentos sobre atividades e assuntos de inteligência produzidos pela Abin às autoridades.
Gonçalves Dias, que foi aliado de longa data de Lula e trabalhou em sua segurança nos dois primeiros mandatos e na campanha de 2022, pediu exoneração do GSI em abril de 2023, após imagens mostrarem sua presença dentro do Palácio do Planalto durante os atos de vandalismo que ocorreram no local.
Quando a ordem foi dada, a Abin era liderada por Saulo Moura da Cunha, oficial de inteligência. No entanto, em março, ele deixou o cargo e passou a ocupar uma posição no GSI sob o comando de Dias. Cunha pediu exoneração há duas semanas, no dia 1º de junho.
O segundo relatório, contendo os 11 alertas enviados ao ex-ministro, só foi entregue ao Congresso no mês passado, por meio de um novo relatório da Abin. A entrega ocorreu após a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitar as informações. Nessa época, Dias já não era mais chefe do GSI, que estava sob o comando da Casa Civil.
Em nota, o advogado de Gonçalves Dias, André Callegari, afirmou que não pode conceder entrevistas sobre o assunto, mas tem respondido a todas as investigações oficiais.