O apresentador Marcos Mion, da TV Globo, condenou as falas de teor capacitista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao se referir a pessoas diagnosticadas com deficiência intelectual. Mion é pai de Romeo, diagnosticado com aspecto autista.
Durante reunião com ministros e governadores, o chefe do Executivo federal associou essas pessoas aos ataques que estão sendo registrados em escolas e afirmou que elas têm “desequilíbrio de parafuso”.
Segundo Lula, 15% da população mundial deve ter “algum problema de deficiência mental” ou seja, “quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso”, afirmou ele, emendando que “pode uma hora acontecer uma desgraça”, completou o mandatário fazendo referência aos ataques que estão sendo registrados em escolas.
Eis a íntegra:
“A OMS sempre afirmou que na humanidade deve haver 15% de pessoas com algum problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso. Pode uma hora acontecer uma desgraça.” [Lula da Silva]
Reação
A linguagem de Lula tem sido classicista como capacitista — termo é usado para descrever todo e qualquer tipo de discriminação, opressão e preconceito contra pessoas com deficiência — e não passou desapercebida pelo apresentador do “Caldeirão”.
Segundo Marcos Mion, o comportamento “afetou não só a comunidade autista, mas todas as pessoas com deficiência intelectual”, pontuou ele, frisando também que o teor ofensivo “chocou todo mundo”.
Mion explicou que o termo correto usado é, na verdade, “deficiência intelectual” e não “deficiência mental”.
— Isso não é só pejorativo como também incentiva que outras pessoas continuem usando esses termos — prosseguiu.
Ainda de acordo com o comunicador, o dialeto de Lula incentiva outras pessoas a fazerem o mesmo e, dependendo do caso, até desistirem da luta em prol de pessoas com deficiência intelectual.
— Irresponsavelmente a fala dele liga deficientes intelectuais diretamente aos casos de violência que infelizmente a gente vê acontecendo pelo país. É um absurdo! Como pai de autista, eu me sinto atingido — acrescentou.