O ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou nesta terça-feira (18) que as redes sociais, principalmente o YouTube, desmonetizem quatro canais na internet: Brasil Paralelo, Foco do Brasil, Folha Política e Dr. News.
De acordo com a decisão, os responsáveis pelos perfis não poderão impulsionar, mediante pagamento, conteúdos envolvendo Jair Bolsonaro (PL) ou Lula da Silva (PT), sob pena de multa diária de R$ 50 mil.
Em relação à empresa Brasil Paralelo, o magistrado foi além, e determinou censura prévia ao documentário “Quem mandou matar Jair Bolsonaro?”, que seria lançado no dia 24 de outubro. Na decisão, Gonçalves afirma ser “preocupante” que canais produzam conteúdo se valendo de reportagens “prejudiciais ao candidato Lula, com significativa repercussão e efeitos persistentes”.
A medida atende a um pedido ajuizado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que alega a existência de um “ecossistema de desinformação” por parte da empresa de mídia, o que é contestado pelos sócios-fundadores da Brasil Paralelo, que afirmam defender uma linha editorial pautada na busca pela verdade, considerando a realidade dos fatos e a isonomia na escolha de pautas, repudiando fake news e desinformação.
Na liminar, o ministro apontou que a mediatech promove “diversos anúncios” de divulgação na internet para obter “máxima atenção” do público. Ele não aponta qual material ou vídeo teria essas inconsistências, apenas cita que, entre 9 e 15 de outubro, a empresa investiu R$ 715 mil em publicidade sobre “temas sociais, eleições ou política”.
“Nesse contexto, com o objetivo específico de reduzir os potenciais efeitos anti-isonômicos dos recursos movimentados por pessoas jurídicas que já foram responsáveis pela produção e/ou distribuição, em larga escala, de conteúdos falsos em favor de Jair Messias Bolsonaro, é pertinente determinar a desmonetização e a vedação de impulsionamentos”, acrescenta.
Segundo Benedito Gonçalves, a estreia do novo documentário investigativo da BP sobre a facada em Jair Bolsonaro deverá ser interrompida, ou seja, não poderá ser realizada na data prevista pela empresa.
“De modo a ocorrer após o segundo turno, evitando que tema reiteradamente explorado pelo candidato Jair Bolsonaro em sua campanha receba exponencial alcance, sob a roupagem de documentário que foi objeto de estratégia publicitária custeada com substanciais recursos da pessoa jurídica Brasil Paralelo”, escreveu.
A narrativa trazida na ação do PT é rebatida pela empresa há vários anos. A Brasil Paralelo sempre afirmou ser apartidária e comprometida com a isonomia em suas produções, além de rejeitar a existência de qualquer vínculo ideológico, financeiro ou de outra natureza com políticos ou partidos.