O QG de campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) suspendeu a apresentação da versão final do seu programa de governo para as eleições de 2022. Com isso, a ideia é de que o documento seja exposto somente após o pleito.
Antes, a estratégia era lançar um texto aprofundando diretrizes gerais apresentadas no dia 21 de junho. Depois disso, no decorrer da campanha, seria apresentado um programa a partir de dois eixos: sugestões recebidas pela internet e também em mesas de diálogos setoriais. Ambas as coisas foram feitas.
Apesar disso, houve uma reavaliação interna sobre a necessidade de formalizar um programa final antes da eleição, conforme informações de Caio Junqueira, da CNN Brasil.
De acordo com fontes da campanha, são diversos os motivos. O principal deles é de que a ausência de um documento definitivo ajuda o petista a conseguir os apoios que ele tem buscado, especialmente de figuras ligadas ao centro do espectro político. Justamente o perfil que o PT busca para tentar vencer no primeiro turno, estratégia central da campanha nesta reta final.
Uma alta fonte da campanha afirma que o apoio de parte dos ex-candidatos à Presidência da República de eleições passadas é um exemplo disso. A avaliação é de que, se já houvesse um texto fechado, não seria possível criar alianças neste momento.
Além disso, aliados de Lula entendem que não é um programa apresentado de antemão que fará o ex-presidente vencer. Mais do que isso, eles têm medo de dar munição ao principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL).
O QG acredita que essa munição poderia ser explorada tanto de forma negativa, como a exploração de pautas ligadas aos costumes —aborto por exemplo— como de forma positiva, com os aliados do presidente apresentando um contraponto ou um projeto melhor.
Foi o que ocorreu, segundo os petistas, após Lula anunciar um adicional de R$ 150 no Auxílio Brasil para crianças. Dias depois, a campanha do chefe do Executivo disse que o benefício poderia ser elevado para R$ 800.
Ate mesmo ideias para a área econômica da Fundação Perseu Abramo, o centro de estudos do partido, foram suspensas. A instituição já publicou documentos em diversas áreas, como meio ambiente e política social, e deixou o de economia, muito cobrado por agentes do mercado, para o fim.
Em nota, o coordenador do programa de governo de Lula e presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, confirmou que “não há prazo” para a versão final do programa de governo. Ele frisou que “as principais propostas estão sendo lançadas ao longo da campanha”.