De olho no eleitorado mais conservador que opta pelo candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos) na disputa pelo Executivo paulista, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) resolveu endurecer e dar mais ênfase ao discurso sobre a segurança pública.
Nas últimas pesquisas de intenções de voto, ele aparece em terceiro lugar na corrida, variando com cerca de 15%. O ex-ministro da Infraestrutura geralmente fica em segundo, com pelo menos cinco pontos de vantagem. Na dianteira, está o ex-prefeito da capital Fernando Haddad (PT).
O Conexão Política adiantou, em julho deste ano, que a campanha tucana adotaria a estratégia de “ignorar” Haddad a fim de angariar a simpatia de eleitores mais à direita. Na ocasião, foram intensificadas agendas em festas rurais e com lideranças do agronegócio.
A esperança do candidato do PSDB é aproveitar a alta rejeição ao PT em São Paulo, especialmente no interior, para herdar o eleitorado de Tarcísio num eventual segundo turno.
A 20 dias do primeiro turno, integrantes do QG de Rodrigo Garcia já começam a temer o desempenho do candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL), que vem crescendo nas sondagens eleitorais.
Com isso, a introdução de pautas voltadas para a segurança de forma mais incisiva na sua retórica demonstra que os tucanos estão em sinal de alerta.
Já é consenso nas campanhas de Garcia e Tarcísio que Haddad estará no segundo turno, salvo algum imprevisto monumental. Os estrategistas de ambos trabalham a ideia, calcada no histórico eleitoral paulista e em pesquisas qualitativas, que o conservadorismo se voltará contra o candidato do PT na rodada final.
Os aliados do atual governador entendem que Rodrigo ainda está na fase de exposição de sua imagem, sendo conhecido por cerca de metade do eleitorado apenas, e que os R$ 6 bilhões liberados ou anunciados em eventos municipais no primeiro semestre lhe garantiram capilaridade de apoio.
Na última sexta-feira (9), o governador fez uma entrega de armamentos, deu declarações sobre o combate ao crime organizado e criou o bordão “Aqui quem vai amarelar é o crime, e não a polícia”. Ele comentou as recentes ameaças que sofreu da facção criminosa PCC, e usou o tema para uma peça de sua propaganda de rádio e TV.
“Sabe quando eu percebi que a gente estava virando o jogo [contra o PCC]? Foi quando eu comecei a receber ameaças e tive de usar colete à prova de bala para me defender. Eu vou usar esse colete o tempo que for preciso, e não vou dar nem um passo atrás no combate ao crime”, diz o candidato no vídeo.
Não por acaso, a cena foi gravada no pátio do quartel Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), unidade de elite da Polícia Militar e velha conhecida de campanhas eleitorais desde que Paulo Maluf prometia “Rota na rua”.