O site russo independente Novaya Gazeta anunciou na última quarta-feira (10) que recebeu do governo uma multa de 350 mil rublos (cerca de R$ 29 mil) por “abusar da liberdade de imprensa”. O veículo pretende recorrer da decisão.
A pena foi aplicada em razão de uma matéria publicada em março deste ano sobre uma testemunha ocular na cidade ucraniana de Kherson, ocupada pelo Exército russo.
A reportagem foi excluída do portal por determinação da agência reguladora de imprensa da Rússia, a Roskomnadzor, conforme informações da porta-voz Nadezhda Prusenkova.
O Novaya Gazeta tem sido um dos principais portais resistentes na imprensa independente russa, cerceada pelo Estado desde os anos 90. Seu editor-chefe, Dmitry Muratov, foi um dos premiados com o Prêmio Nobel da Paz em 2021 por suas ações em favor da liberdade de expressão.
“O jornal suspendeu suas operações dentro da Rússia em março, após avisos repetidos da agência reguladora do setor sobre sua cobertura da campanha militar de Moscou na Ucrânia”, afirma a CNN.
Conforme noticiado por este jornal digital, a Rússia aprovou uma lei de combate às fake news que criminalizou a publicação de algumas reportagens sobre a invasão à Ucrânia. É proibido manifestar posições que sejam divergentes dos relatos oficiais de Moscou.
Segundo a legislação em vigor, o proprietário do site ou rede social que não excluir “informações ilegais” quando solicitado pelo governo pode ser multado em até 4 milhões de rublos, cerca de R$ 221 mil.
Como se sabe, o Kremlin mandou dezenas de milhares de soldados para a fronteira com a Ucrânia em 24 de fevereiro e invadiu o país logo em seguida. A medida foi recebida com forte resistência ucraniana e acarretou em diversas sanções de países do Ocidente.