Marcos Valério Fernandes de Souza, conhecido como Marcos Valério, afirma que ouviu do então secretário-geral do Partido dos Trabalhadores, Sílvio Pereira, detalhes sobre o que seria a relação entre petistas e o Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior e mais atuante facção criminosa do país.
As informações são da revista VEJA, em reportagem veiculada nesta sexta-feira (1°), com trechos de depoimentos cedidos à Polícia Federal.
Valério, que atuou como operador de pagamentos a parlamentares em troca de apoio no Congresso Nacional ao então recém-eleito governo Lula, volta ao centro de mais uma série de acusações envolvendo o PT e nomes ligados à sigla.
O depoimento em questão foi homologado por Celso de Mello, quando ele ainda integrava o Supremo Tribunal Federal (STF). Mello se aposentou em outubro de 2020, após 31 anos na Corte.
Agora, em um de seus mais emblemáticos depoimentos, Valério diz que Ronan Maria Pinto —empresário do ramo dos transportes— chantageava o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para não divulgar o que supostamente seria um grande escândalo contra a legenda.
Trata-se, segundo ele, de informações precisas em torno do esquema de uma arrecadação ilegal de recursos para financiar políticos petistas. O delator destaca que soube da eventual chantagem contra Lula após conversar Pereira.
De acordo com Valério, o então secretário-geral petista o informou que Ronan realizava ameaças, dizendo que poderia revelar que o PT recebia clandestinamente dinheiro de empresas ônibus, de operadores de transporte pirata e de bingos e que, nesta última menção, os repasses financeiros ao partido seriam uma maneira de ‘lavar’ recursos do crime organizado. De modo incisivo, o delator explica a quem se referia ao apontar, genericamente, crime organizado: o PCC.