O Conexão Política inicia, a partir desta segunda-feira (6), uma série de apurações sobre os próximos passos que serão dados pelos principais candidatos à Presidência da República, a começar pelo atual chefe da nação.
A cúpula governista do presidente Jair Bolsonaro (PL) se prepara para conseguir emplacar conquistas durante os programas eleitorais transmitidos na TV a partir de agosto.
Conforme registramos, o mês de junho abriu o período de inserção partidária do Partido Liberal, que já aponta o caminho que deve ser traçado pela equipe do chefe do Executivo federal. Bolsonaro vai buscar expor ao eleitor tudo aquilo que foi feito pelo governo federal desde janeiro de 2019, especialmente ações que, segundo aliados, foram omitidas ou distorcidas pela imprensa. Um dos principais pontos que deve ser abordado será a menção que o presidente agiu, sim, para evitar mais mortes na pandemia.
O mandatário quer frisar aos brasileiros que diversas medidas foram aplicadas para gerar emprego no país. Em torno dos pontos negativos na economia, o governo vai apontar para o cenário exterior, expondo os impactos sentidos no mundo inteiro, especialmente fatores como a recessão global e a guerra na Ucrânia.
Ciente da disputa acirrada na corrida ao Planalto, o PL contratou profissionais de comunicação experientes para cuidar da imagem de Bolsonaro. Apesar de algumas considerações espontâneas na personalidade do presidente, a tática agora é aperfeiçoar ao máximo a performance, garantindo a ele o máximo de especialistas para tratar corretamente de uma campanha eleitoral.
Outra abordagem será mostrar as alianças formadas pela sua gestão. Antes, Jair Bolsonaro era criticado sob o argumento de que não conseguiria consolidar uma base de governança em Brasília. À vista disso, o presidente vai dizer que não só conseguiu montar uma base, como também dialogou com o chamado ‘centrão’, mas sem nenhum envolvimento com a corrupção. A colocação principal será emplacar a postura de que houve diálogo, conquista de base, votos importantes em diversas votações expressivas e vitoriosas no Congresso, mas sem se dobrar ao ‘diálogos cabulosos’.
A campanha à reeleição está sendo encabeçada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto e pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Nos bastidores, Costa Neto e Nogueira dizem que não aceitam erros. Lula e sua turma não podem voltar ao poder, alertam eles.
Nogueira, de forma enfática, tem ecoado: “não tenho a menor dúvida. Bolsonaro vai vencer”.
Costa Neto, por sua vez, fez questão de receber orientações do marqueteiro Duda Lima, seu conterrâneo de Mogi das Cruzes (SP). Para Duda, a linha de apresentação deve ser feita com muita naturalidade, trazendo à luz os quatro anos de governo.
Confira, a seguir, alguns pontos que devem compor a grade de pautas ao longo da campanha:
Na Saúde: montante disponibilizado pela gestão federal na pandemia e os equipamentos entregues para o SUS.
Na Educação: MP para perdoar até 92% das dívidas de estudantes de baixa renda e 86,5% para os demais; o acesso à internet gratuita, em banda larga e móvel, para alunos da rede pública; o avanço da pauta do Homeschooling — ensino domiciliar, que é uma pauta defendida com veemência por pais conservadores.
Na Segurança: abordagem sobre a queda no número de assassinatos e crimes violentos no país nos últimos anos, mostrando uma série de aplicações do governo para obter êxito contra a criminalidade; a sanção presidencial em torno da Lei Henry Borel, que torna crime hediondo o homicídio de criança e menores de 14 anos; a importância da base governista na aprovação da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados (CCJ) ao incluir crimes de pedofilia no rol de crimes hediondos.
Na liberdade de expressão: a MP publicada pelo presidente que, segundo o governo, visou dificultar remoção arbitrária de conteúdos nas redes sociais. O governo vai se empenhar em mostrar que buscou atuar em favor do debate público de ideias e do exercício da cidadania, sobretudo contra cenários de medidas de violação em massa de direitos e garantias fundamentais. Bolsonaro deve dizer que sempre atuou para garantir o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa.
Na pauta social: vai ser enfatizado o êxito em programas de continuidade de gestões anteriores, como a conclusão de alguns trechos da transposição do rio São Francisco e a nova modalidade do Auxílio Brasil, anteriormente chamado de Bolsa Família. Com valor mínimo de R$ 400, o benefício está garantido de forma permanente para a população brasileira mais vulnerável.
Na defesa do cristianismo: a maioria da população é cristã, vai relembrar o presidente. Apesar disso, ele vai relatar que os cristãos têm enfrentado algumas barreiras para exercer sua fé livremente, seja em esfera pública, seja no ambiente de ensino público/privado ou até mesmo dentro dos próprios tempos religiosos. Bolsonaro vai trazer à tona alguns ataques sofridos por grupos religiosos e lideranças do segmento cristão. O mandatário vai permanecer usando o teor católico-evangélico em seus discursos.
Na defesa da mulher: a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, também deve compor parte da grade eleitoral. Com o objetivo de alcançar o eleitorado feminino, ela vai destacar as ações do governo em favor desse grupo, incluindo a defesa do governo aos portadores de deficiência.
Na economia: a Reforma da Previdência, aprovada de forma definitiva pelo Congresso Nacional em outubro de 2019, será um dos eixos centrais. Bolsonaro vai dizer que a medida foi fundamental para permitir que o Brasil voltasse a ter equilíbrio fiscal, além de retomar o fôlego para investimentos em áreas prioritárias;
A renovação do Acordo Automotivo com a Argentina também deve ser mencionado, apontando a prorrogação por tempo indeterminado da vigência do Acordo Automotivo bilateral. O chefe do Executivo vai explicar que a medida estabelecerá o livre comércio de produtos automotivos a partir de julho de 2029;
O governo também vai veicular a aprovação do processo de privatização da Eletrobras;
A principal abordagem será evidenciar, de forma didática, as ações federais para controlar a inflamação e como a equipe do ministro Paulo Guedes tem atuado para diminuir o impacto econômico da pandemia da Covid-19.
Outra abordagem será relacionada à gasolina e aos mecanismos do governo e do presidente para impor valor fixo no ICMS dos combustíveis, a fim de reduzir o preço de venda ao consumidor final.