O segmento evangélico deve ser o centro das atenções nos próximos meses. Às vésperas das eleições de outubro deste ano, os pré-candidatos à presidência da República se articulam para intensificar agendas em volta do ‘eleitorado de ouro’.
A influência crescente dos evangélicos será ainda mais decisiva em 2022, visto que o laços criados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) com pessoas que professam essa crença seguem firmes e fortes.
Bolsonaro, que professa a fé católica, tem uma esposa evangélica, criada em solos batistas, mas que também se identifica com a linhagem pentecostal.
Ao longo de seu mandato, o chefe do Executivo federal tem buscado zelar pautas de questões morais, de cunho religioso, além de guiar outros políticos brasileiros a seguirem o mesmo trajeto.
Ao contrário de outros presidentes e, especialmente, dos demais postulantes, Bolsonaro não deixou de estar presente em cultos e encontros com líderes da segunda maior religião do país.
Mesmo sendo católico, foi no eixo protestante que o mandatário não só se sentiu bem quisto, como também conseguiu construir aliados que estão ao seu lado até o presente momento.
Recentemente, ele conseguiu emplacar o seu segundo indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta Corte do país. Sob a promessa de que indicaria um ministro “terrivelmente evangélico”, o político encontrou diversos entraves, gerando uma série de obstáculos, além de ameaças de eventualmente não existir a indicação de André Mendonça enquanto o novo mandato presidencial não estivesse em vigor.
Em outubro de 2021, a CNN Brasil revelou que o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tinha dito a aliados que pretendia segurar a análise de Mendonça até 2023.
Na prática, o objetivo era fazer com que a nomeação do ex-AGU perdesse a validade e, consequentemente, o eleito em 2022 fizesse a designação no ano seguinte.
Mesmo sob pressão, Bolsonaro não desistiu de indicar André Mendonça, sabatinado no dia 1º de dezembro, em uma arguição que durou oito horas, mas que restou aprovado pelos congressistas.
A jogada estratégica
Ciente do êxito de Bolsonaro com o segmento, o Partido dos Trabalhadores (PT) vai tentar consolidar intensa aproximação com os evangélicos.
A ideia é gerar um programa de entrevistas voltado exclusivamente aos brasileiros que se identificam com essa crença. O secretário de Comunicação do partido, o ex-deputado Jilmar Tatto, disse à Folha de S.Paulo que o público é uma ‘preocupação grande’ da sigla.
“Estamos dando uma atenção especial para os evangélicos por ser um setor que estava conosco e foi embora. Agora, estão voltando; então, temos uma preocupação grande em relação a esse segmento”, relatou.
Ainda segundo a Folha, Tatto destacou que a ideia é conversar com figuras importantes para o meio evangélico, incluindo pastores, autoridades políticas e professores a respeito de temáticas específicas, como diversidade religiosa, costumes e economia.
O conteúdo será publicado no canal do partido no YouTube, o PT TV. A plataforma já possui outros programas direcionados em falar para públicos específicos, como mulheres e negros.
Apesar das investidas, diversos representantes evangélicos têm dito que não há, sob hipótese alguma, diálogo com partidos, parlamentares e movimentos que flertem com o espectro político de esquerda.