Nunca antes na história deste país o estrangeiro investiu tanto dinheiro na bolsa brasileira.
Para se ter uma ideia, no acumulado de 2021 até o dia 27 de dezembro, foram R$ 99,6 bilhões injetados na B3.
Esse valor deve ultrapassar a casa dos R$ 100 bilhões, uma vez que, na data do recolhimento dos dados, ainda faltava pelo menos três pregões para entrar na conta.
Além disso, há o montante investido em IPOs e follow-on (oferta subsequente de ações) neste mês — quantia que só será divulgada em janeiro de 2022.
Se compararmos com o ano de 2020, quando entraram R$ 7,4 bilhões de dinheiro do exterior na bolsa, os aportes aumentaram mais de 1.200%.
Em que pese a alta, os investimentos ainda não são suficientes para colocar o Ibovespa no positivo, já que as retiradas institucionais e de pessoas físicas superam esse quantitativo.
Mas, afinal, por que estrangeiros colocam tanto dinheiro em solo tupiniquim?
De acordo com analistas financeiros e econômicos, a principal razão é o fato de a bolsa apresentar uma das maiores desvalorizações globais, enquanto instituições como Nasdaq e S&P renovam suas máximas históricas quase que semanalmente.
“É natural que eles busquem alternativas em outros mercados porque em algum momento essas bolsas vão realizar o lucro”, afirma Rodrigo Barreto, analista da corretora Necton.
“Os ativos daqui estão muito descompassados em relação à performance das companhias. Nós vimos, e os estrangeiros também, os resultados operacionais das empresas que vieram, em grande parte, acima do esperado, o que não justifica este recuo expressivo dos últimos meses”, acrescentou.
Ainda conforme o especialista, o fato de esses aportes estarem dolarizados também diminui os riscos de eventuais prejuízos. Isso porque a desvalorização do real frente à moeda americana foi acentuada em 2021, com alta de 8,72% no ano.
“O poder de compra de quem está dolarizado aumenta consideravelmente com a desvalorização cambial. O investidor consegue comprar mais do que no passado, e isso acontece ao mesmo tempo em que bolsa brasileira é uma das únicas do mundo em viés negativo”, concluiu Barreto.