O dólar alto, acima do nível de equilíbrio, pode estimular investimentos no Brasil, afirmou nesta sexta-feira (18) o ministro da Economia, Paulo Guedes.
De acordo com ele, as empresas estrangeiras que investirem no país podem ter ganhos extras com a desvalorização da moeda.
Em evento promovido pela Secretaria de Política Econômica da pasta, o ministro atribuiu ao clima político e a ruídos externos a alta recente do câmbio.
“O dólar foi lá em cima por causa desse barulho político, incerteza, briga, confusão. Os fundamentos econômicos estão sólidos, estão aí os gatilhos fiscais, os marcos regulatórios, o Banco Central independente, o déficit em queda”, declarou.
Ao mencionar o atual cenário, Guedes frisou que o investidor terá um adicional de ganhos com a alta do dólar. Ele lembrou que, em governos passados, a moeda era desvalorizada artificialmente, o que criava um risco aos investimentos estrangeiros, uma vez que havia a chance de retorno ao patamar de equilíbrio, gerando perda aos investidores de longo prazo.
“Os fundamentos estão aí e o dólar está lá em cima ainda por causa da barulheira infernal. Não tem problema, quem entrar agora [investir no país agora] tem uma margem adicional de ganho. Além do que vai ganhar no projeto em si, [a empresa] está entrando com um dólar favorável, que está acima da taxa de equilíbrio”, comentou.
O economista defendeu a independência da autoridade monetária. Para ele, as eleições de 2022 estarão livres de interferências do Banco Central (BC) no câmbio, porque será a primeira vez em que a disputa ocorrerá com o BC submetido às regras autônomas.
“O Banco Central ajudou a reeleger o FHC [Fernando Henrique Cardoso], custou US$ 50 bilhões, US$ 60 bilhões, e logo depois da eleição soltou o câmbio, deixou flutuar. […] Também Dilma [Rousseff] foi auxiliada na reeleição por um BC que ficou correndo atrás da curva o tempo inteiro”, reiterou.
Guedes repetiu estimativas repassadas recentemente, segundo as quais o Brasil receberá R$ 500 bilhões em investimentos privados nos próximos anos.
Ele também disse ter sido informado, na viagem recente do presidente Jair Bolsonaro ao Oriente Médio, de que investidores árabes pretendem comprar dois times de futebol brasileiros.