Imagem: Reprodução | Globo News
Em entrevista a Globo News, nesta sexta-feira (3), o candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, fez uma declaração à respeito do apoio de Roberto Marinho fundador da Globo ao regime militar de 1964:
“Quem sempre quis o controle social da mídia foi o PT, não fui eu. Porque você pode ver, uma das marcas da ditadura é ter uma imprensa única. A tv Globo nasceu em 65, a Veja em 68. Agora me permite uma coisa aqui, por favor. Eu quero aqui saudar à memória do senhor Roberto Marinho. O editorial do Jornal O Globo de 1984, o senhor Roberto Marinho afirmou”:
‘Participamos da Revolução de 1964, identificados com os anseios nacionais de preservação das lnstituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada’, declarou.
Ainda sobre o assunto, Bolsonaro questionou os jornalistas: “vocês acham que Roberto Marinho era um democrata ou um ditador?”.
Após às declarações de Jair Bolsonaro, a entrevista seguiu normalmente. No entanto, após o término da entrevista, a jornalista Miriam Leitão deu sinal de que faria algum pronunciamento.
Miriam Leitão, ordenada pela direção do programa, emitiu uma declaração sobre o apoio de Roberto Marinho ao regime militar de 1964. Aparentemente, nervosa, desconfortável e com voz trêmula, a jornalista recitou as palavras (repleta de pausas) que estavam sendo ditas pelo ponto eletrônico.
“Em relação às declarações do candidato Jair Bolsonaro sobre O Globo em 1964, o Grupo Globo emitiu a seguinte nota: ‘o candidato Jair Bolsonaro disse há pouco que Roberto Marinho, em editorial de 1984, afirmou que participava do que chamava de revolução de 64, identificado com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas. É fato, como todos os grandes jornais à época, com exceção do Última Hora. O Globo apoiou editorialmente o golpe com o objetivo reiterado de Roberto Marinho, 20 anos depois. O candidato Bolsonaro esqueceu-se, porém, de dizer que em 30 de agosto de 2013 O Globo publicou um editorial em que reconheceu que o apoio ao golpe de 64 foi um erro. Nele, o jornal disse não ter dúvidas de que o apoio pareceu, aos que dirigiam o jornal na época e viveram aquele momento, a atitude certa visando ao bem do país. E finaliza com essas palavras o editorial: ‘à luz da história, contudo, não há porque não reconhecer hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais no período, que decorreram desse desacerto original. A democracia é um valor absoluto e corre risco e ela só pode ser salva por si mesma’’, disse ela.
É importante ressaltar que foram outros responsáveis pelo Editorial que se retrataram em 2013 pela opinião de Roberto Marinho, que proferiu as palavras citadas por Jair Bolsonaro e não o próprio, que apoiou a revolução militar.
Roberto Marinho morreu em 2003, aos 98 anos. Todavia, o grupo Globo só fez a nota dez anos depois, em 2013. Marinho nunca se retratou.
O grupo Globo parece querer mudar a história, mesmo após a morte do empresário e jornalista.