Um piloto da Polícia Civil do Rio de Janeiro tornou-se herói no último domingo (19), depois de conseguir impedir uma ação ousada de bandidos em um presídio. Adonis Lopes, que é policial civil há 30 anos, foi sequestrado em um helicóptero, onde lutou com os criminosos dentro da aeronave, além de ter executado manobras arriscadas para conseguir pousar sem nenhum dano.
A ação dos criminosos teve início na tarde de ontem, quando Adonis foi acionado por um colega, que não sentia-se bem, e precisou ser substituído em um voo na região de Cabo Frio.
Na ocasião, dois homens haviam contratado o passeio pela região de Angra dos Reis e, durante o trajeto de volta, renderam o policial civil com dois fuzis. Ali, em voo, ele deixaram nítido qual era o objetivo daquela viagem: conduzir o helicóptero até o Complexo Penitenciário de Bangu e, a partir de lá, resgatar os dentemos comparsas.
Em entrevista à Globo News, o policial deu detalhes sobre o ocorrido, além de frisar que, apesar das ameaças, não materializaria o planejamento dos criminosos.
“Foram momentos tensos. Muitos pensamentos, ideias na cabeça. Mas o único pensamento que eu tinha com certeza era de que não ia pro presídio de jeito nenhum, era a última coisa que eu faria”, explicou.
Diante da ordem dos bandidos, foi necessário que Adonis realizasse uma ação improvisada, dando a entender que seguiria a rota da penitenciária. No entanto, o objetivo era conduzir o voo até o Batalhão da Polícia Militar, também na Zona Oeste do Rio, onde buscaria aterrizar a aeronave.
“Eu tentei fazer uma aproximação rápida para o campo, tinha diminuído a velocidade, baixado a altura. Queria jogar o helicóptero rapidamente em um campo de futebol, no qual já tinha pousado várias vezes, para chamar a atenção dos policiais que estavam no pátio. Mas eles perceberam”, comentou o piloto.
A partir dali, Adonis conta que iniciou-se uma luta corporal entre ele e os criminosos.
“Um dos bandidos me deu uma gravata e começou aquela luta. Eu tentando pousar, ao mesmo tempo tentando evitar que a aeronave colidisse com os obstáculos que tinha ali no local. Em determinado momento, eles meio que desistiram de lutar, consegui retomar o comando da aeronave. Eles ficaram meio confusos, atônitos pelas manobras todas, e pediram que eu levasse eles até Niterói”, detalhou.
Um vídeo gravado por um testemunha registrou o exato momento em que o helicóptero “baila” no ar, por causa da briga entre os três.
Apesar da grande tensão, Adonis continuou dialogando com os meliantes e conseguiu convencê-los de não prosseguir com a ideia de invadir o presídio.
“Expliquei que foi a melhor coisa não ter acontecido aquilo, que mataria todo mundo, que eles também tinham família. Tudo para diminuir o ímpeto que estavam e evitar que fizessem disparos contra mim”, disse o policial civil.
Na sequência, então, conduziu o helicóptero para Niterói, mesmo ciente de que poderia ser alvo de retaliação por parte dos bandidos.
“Foi tudo muito rápido. Eu pousei, fiquei pronto para decolar. Eles saíram rapidamente, eu também saí rápido e fui para o Grupamento Aeromóvel para chamar o pessoal e tentar localizar os bandidos”, acrescentou.
O caso foi registrado na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (DRACO), que vai identificar os sequestradores e esclarecer os fatos.