Imagem: Divulgação/Conexão Política
Durante esses dias foi muito debatido nas redes sociais e divulgado pela mídia em geral, a afirmação de uma conhecida pré-candidata nas eleições presidenciais desse ano, de que apesar de pessoalmente não concordar com o aborto e com a descriminalização da maconha, ela concorda em fazer um plebiscito para que a Nação possa decidir sobre o tema, se é favorável ou não.
No primeiro momento, alguns podem acreditar que essa atitude reflete o caráter democrático da pré-candidata. Eu, por outro lado, entendo que isso não tem absolutamente nada a ver com atitude democrática, mas sim com uma compreensão equivocada sobre o que significa representatividade política e o desejo implícito de querer agradar a gregos e troianos.
Representatividade política é a soma de tudo o que um determinado político acredita. Quando o eleitor vota em um candidato, ele faz isso porque sabe quais são os valores, crenças e visão de mundo que o candidato defende. O eleitor não vota em um ocupante de cargo público ou, meramente, em um administrador. Ele vota em alguém que além de possuir boa capacidade administrativa, acredita ser capaz de representar suas opiniões. Isto é absolutamente natural e saudável para um Estado Democrático de Direito.
Jogando fora a representatividade do voto
Quando um político, seja ele Vereador, Deputado, Senador ou Presidente da República, deixa de defender o que acredita e procurar meios para fazer valer o voto dos seus eleitores, por exemplo, criando projetos de lei coerentes com a sua visão de mundo, ele está jogando fora a sua representatividade. É isso o que significa o plebiscito, por exemplo, nos casos de aborto e descriminalização da maconha. Significa abrir mão da confiança depositada pelo eleitor nos valores que o político carrega.
Se eu, Marisa Lobo, que sou pré-candidata ao cargo de Deputada Federal por Curitiba esse ano, afirmo para meus eleitores que sou contra o aborto, descriminalização da maconha e a legalização da união homoafetiva, por exemplo, assim como, por outro lado, sou favorável a castração química de estupradores, fim do cargo vitalício para Ministros do STF, fim de privilégios para ex-presidentes e a favor de políticas públicas para mulheres, como o parto humanizado, definitivamente irei defender com unhas e dentes esses princípios e jamais concordarei em “jogar para a platéia” o poder de decisão sobre esses temas. O motivo é simples: Entendo claramente que, quem confiar o seu voto a mim, fará isso porque deseja que eu os represente, para que eu seja a voz deles em relação ao que acreditam. Como se sentiriam meus eleitores se eu simplesmente abrisse mão dessa responsabilidade representativa, preferindo fazer um plebiscito?
A democracia está na representatividade
Não é antidemocrático defender o que acredita e discordar que alguns temas sensíveis, como o aborto e a descriminalização da maconha, não sejam “resolvidos” em um plebiscito. Muito pelo contrário, a discordância sobre isso reflete justamente o caráter democrático de quem decide assumir uma posição na política e foi colocado nessa posição, democraticamente, por eleitores que pesam o mesmo.
A verdade é que brasileiro está cansado de “incógnitas”. Ou seja, de pessoas não fazem das suas opiniões posturas objetivas diante do mundo, especialmente um mundo de tantas incertezas e relativizações morais como o nosso. Como cristãos devemos observar que até a Bíblia nos orienta sobre a necessidade de posturas firmes: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna” (Mateus 5:37). Em Apocalipse 3:15-16 está escrito: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca”.
Ora, se somos cristãos, seremos 24 horas, carregando conosco nossos valores. O Estado não é maior do que o Espírito Santo que habita em mim. Se como cristãos formos eleitos representantes do povo, isto significa que esse povo nos elegeu democraticamente para que possamos representar exatamente esses valores. Da mesma forma acontece com outros, sejam ateus, agnósticos, umbandistas, kardecistas e etc. Isso é representatividade democrática, cabe ao eleitor escolher o candidato que mais se alinha com seus valores para decidir confiar o seu voto, assim como cabe ao político não se acovardar diante das multidões, mas ser corajoso o suficiente para dizer “sim” ou “não”, e ponto!